Os riscos aos talentos não justificam o retorno ao escritório

Por Jennifer Collins | 3 minutos de leitura | 20 de maio de 2024

Contexto geral

A exigência do retorno ao escritório resulta em custos elevados

Nos últimos 12 meses, 63% dos líderes de RH relatam um aumento na expectativa de que os funcionários retornem ao escritório. Muitas organizações que incentivaram o trabalho presencial, mas observam baixos índices de conformidade, estão exigindo o retorno ao escritório. No entanto, 74% dos líderes de RH mencionam que essa exigência é motivo de conflito.

No melhor dos cenários, os benefícios são limitados. E, considerando uma crise crescente de bem-estar, a confiança abalada entre funcionários e empregadores, além do mercado de talentos acirrado, está mais do que na hora de questionar se os benefícios da exigência do retorno ao escritório justificam os riscos.

A exigência do retorno ao escritório é arriscada

  • Problemas decorrentes do equilíbrio entre vida pessoal e trabalho são uma das cinco principais razões citadas pelos funcionários para terem se demitido de empregos anteriores. E, em média, os funcionários de organizações que passaram a exigir o retorno ao escritório mencionam uma queda na intenção de permanecer no emprego, em comparação com quem trabalha em empresas que não fizeram essa imposição.

  • Três grupos que priorizam a flexibilidade, formados por profissionais de destaque, mulheres e funcionários da Geração Y, estão mais propensos a se demitir.

  • No caso dos profissionais de destaque, em particular, a exigência do retorno ao escritório poderá soar como afronta, principalmente se eles tiverem mantido o desempenho ou superado as expectativas durante a pandemia. Eles poderão interpretar  tal imposição como sinal de desconfiança da gestão.

O trabalho presencial não assegura aumento nos índices de desempenho e inclusão

  • Alguns talentos específicos cujas organizações impuseram a exigência de retorno ao escritório, como mulheres e pessoas da Geração Y, foram mais afetados em comparação com profissionais de empresas que não estabeleceram essa obrigação;

  • Cerca de 33% dos funcionários afirmam que trabalham melhor remotamente. Eles também mencionam que, em comparação com o trabalho presencial, a percepção de inclusão é maior em um ambiente remoto.

Os profissionais de destaque relatam uma queda de 16% na intenção de permanecer no emprego em virtude da exigência do trabalho presencial.

Fonte: Gartner

Os benefícios resultantes da exigência do retorno ao escritório são limitados

  • A exigência do retorno ao escritório acarreta poucos impactos positivos

    • Os funcionários poderão se empenhar mais no escritório, onde sentem que são monitorados mais de perto; 

    • Outros poderão ter uma disposição maior para ajudar os pares com suas cargas de trabalho, seja porque as dificuldades são mais visíveis ou porque é mais fácil pedir ajuda por causa da proximidade.

  • As atividades cotidianas dos gerentes foram, sem dúvida, as mais afetadas em decorrência da mudança para o trabalho híbrido e remoto, motivo de mais ansiedade. Portanto, os profissionais que mais se beneficiaram com a exigência do retorno ao escritório foram eles. 

  • É provável que, com mais tempo no escritório, os gerentes conheçam melhor seus funcionários e tenham mais clareza sobre os fluxos de trabalho de seus subordinados diretos.

Uma abordagem flexível garante os melhores resultados

  • Os benefícios do trabalho no escritório são concretos, afinal, a interação presencial pode ser estimulante. Porém, modelos híbridos e flexíveis centrados nas pessoas geram resultados mais positivos do que uma abordagem genérica;

  • O Gartner recomenda que, em vez de imporem exigências, os líderes de RH desenvolvam políticas em colaboração com os funcionários. As práticas recomendadas abrangem:

    • Priorizar o comparecimento dos funcionários ao escritório para a realização de atividades específicas usuais (como brainstorming) e eventos ocasionais (em outros locais). As organizações que adotaram essa abordagem observaram os melhores resultados entre os talentos;

    • Permitir que os funcionários contribuam com a política. Entre os funcionários que tiveram a oportunidade de moldar os arranjos de trabalho híbrido de suas equipes, houve um aumento no engajamento e no empenho; 

    • Esclarecer a razão para a exigência do trabalho presencial. As empresas que procederam dessa forma registraram impactos positivos no engajamento, no empenho e na retenção.

A história por trás da pesquisa

De autoria de Caitlin Duffy, Diretora Sênior de Pesquisa do Gartner

“Com poucos anos de experiência na gestão de ambientes remotos e híbridos, as organizações continuam aprendendo quais atributos do design do trabalho mais contribuem para o desempenho, o bem-estar, o engajamento e a retenção dos funcionários. Esperamos que a compreensão sobre os modelos híbrido, presencial e remoto mais robustos evolua conforme as organizações adaptam suas abordagens de trabalho em resposta aos resultados de negócios, às mudanças na conjuntura e ao feedback dos funcionários.”

3 ideias para abordar com seus pares

1

Os benefícios do trabalho no escritório não justificam os riscos de uma exigência inflexível. Com dados mínimos para corroborar o valor da exigência intransigente do retorno ao escritório, os impactos negativos consideráveis superam eventuais ganhos.


2

Dê aos funcionários a oportunidade de moldar, adaptar ou personalizar as políticas e você provavelmente observará um aumento no engajamento e no empenho.


3

Não comprometa sua estratégia de talentos de longo prazo com a abordagem incorreta de retorno ao escritório. Priorize a maximização dos resultados de negócios e de talentos com tomada de decisões planejada e transparente, evitando uma implementação genérica.

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Caitlin Duffy, é diretora de pesquisa na área de Recursos Humanos, desenvolvendo insights e melhores práticas sobre a experiência dos funcionários. Sua equipe cobre tópicos como design e entrega da experiência do funcionário, engajamento, estratégia de EVP, trabalho híbrido e cultura, se estendendo a tópicos mais amplos de gestão de talentos, como DEI e o futuro do trabalho. Antes de ingressar na equipe de pesquisa de Experiência do Funcionário, Duffy conduziu pesquisas sobre a eficácia de líderes e gestores, incluindo tópicos como gestão de talentos de alto potencial, sucessão e desenvolvimento de liderança.

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